Como é uma bactéria intracelular, a Wolbachia tem várias limitações na sua habilidade de disseminação, já que pode ser transmitida apenas verticalmente, no processo de reprodução. A saliva de mosquitos com Wolbachia foi examinada pela equipe do Programa ‘Eliminar a Dengue’, na Austrália, e verificou-se que não contém a Wolbachia. Além disso, como é necessariamente intracelular, a Wolbachia não atravessa o estreito duto salivar do mosquito: a célula onde a Wolbachia fica localizada é da ordem de grandeza de 10 µm (micrômetros), enquanto o duto salivar tem apenas 1 µm de calibre. [O micrômetro é a milésima parte do milímetro.]
Muitos insetos, incluindo diversas espécies de mosquitos, naturalmente carregam a Wolbachia. Esses mosquitos comumente picam pessoas sem efeitos negativos – como o pernilongo comum, por exemplo. Durante cinco anos, pesquisadores do programa ‘Eliminar a Dengue’, na Austrália, voluntariamente alimentaram uma colônia de mosquitos com Wolbachia, resultando em centenas de milhares de picadas de mosquitos nessa equipe sem que fossem detectadas reações.
Outra informação importante é que, por ser uma bactéria intracelular, a Wolbachia não pode sobreviver fora de uma célula viva do inseto. Isso significa que quando o mosquito morre, ela morre também.
Por fim, vale ressaltar que antes do início dos testes de campo na Austrália, com a liberação de mosquitos com Wolbachia, uma análise independente de risco concluiu sobre a segurança da introdução da Wolbachia na população local de mosquitos. A Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Comunidade das Nações (CSIRO, principal Agência de Ciência da Austrália) concluiu que este método apresenta riscos insignificantes tanto para o meio ambiente quanto para a segurança humana. Uma aprovação regulamentar para a soltura do Aedes com Wolbachia foi concedida pelo Governo Australiano por meio da Autoridade Australiana de Pesticidas e Medicamentos Veterinários (APVMA, na sigla em inglês).